Karla Reis

Karla Reis

segunda-feira, 25 de março de 2013

Sobre o amor e suas formas

Falar sobre o amor... Tudo bem, vamos direto ao ponto: pra mim o amor é, antes de tudo, uma espécie de preconceito — ou até mesmo egoísmo. A gente ama o que quer. Quem quer. Ama o que precisa, o que faz bem e o que julga conveniente. Mas também o amor pode ser incerteza. Como dizer que ama alguém se há outras milhões de pessoas no mundo das quais você amaria mais se conhecesse? (Mas é claro que a gente nunca as conhece).

Amor é antônimo do mesmo modo que é sinônimo. É sentir raiva amenizada por alguns segundos de afeto, é carinho aumentando pelo mesmo motivo. Amor não é feito pr'aqueles que desejam equilíbrio. É uma linha tênue entre ser e estar. É saber lidar com os verbos e a intensidade, a regularidade com que eles mudarão o sentido quando se ama. 

Amor é suporte mas também é suportar. É ignorar toda forma de ignorância. Amor é não ter limite de limites. É a balbuciação da fé no que acreditamos ou em quem devemos acreditar. Amor é dúvida. É cair sete vezes e ter alguém que te levante oito. É mescla de sorriso e choro, sorte e azar, dor e mais dor. Amor é toda preocupação em não se preocupar mais; Ou demais.

Amor é grito e silêncio. É ter paciência pra ceder — e conseguir — aceitação. Amor está além do companheirismo. Está na ausência, no vazio. Assim como está na companhia surpresa nos fins de tarde. Amor está na vida querendo brincar de "Se vira!". É renúncia. Denúncia. Amor é caos e discernimento. É a transição de dois corpos à uma só alma. 

Amor são os planos que tardam mas não falham. É o que foi deixado de lado, porque, bem, talvez de outra forma seja melhor... Amor é saber lidar com a mudança. Ou com mais do mesmo. Amor é ter paciência com perdas, e fazer da mente o nosso pronto-socorro.

Amor não é só o mimo recebido ou doado no aconchego do colo. É toda forma de briga e reconciliação. Amor é jura que se eterniza a cada dia. Na saúde ou na doença, na tristeza ou na pobreza. Até que a morte nos separe

A carnalidade com toda sua excitação é amor também. Amasso, barriga à barriga, pernas entrelaçadas, suor... Fumaça de café sendo dividida logo pela manhã. A briga da noite passada é amor. O encontro que deu errado, o atraso, a carteira fazendo falta na hora de pagar a conta. Distração é amor, perdão também. 

Amor vai de Martinho da Vila à Bruce Dickinson. De Ziraldo à Charles Bukowski. De fazendas à centros urbanos. De preto à branco. De noites afora ou cama adentro. 

Amor é oposição.

Não tem forma, cor, tamanho. Amor a gente não mede, tampouco conclui. Amor a gente imagina ou enxerga, fantasia ou sente. 

Mas o mais importante é que o amor existe e a gente tenta gesticulá-lo. Ou escrevê-lo.


- Karla Reis.

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