o dia era tarde
desconhecido
avulso
ainda não existia palavra
capaz de explicar a tristeza
por um caminho inacabado
abríamos a janela pela manhã
o sol ardia em meus olhos
em seu corpo
mas agora já não vemos mais
nem a luz
nem a vida
nem a partilha
e agora?
e agora?
de tudo, o que restou
foi o olhar trocado
cheio de desamparo
desespero
não sabíamos o que dizer
o que sentir
mas esperei
que o caminho retomasse
que a dor apagasse
que a luz reacendesse
só que o dia passou
a cortina se fechou
o quarto inundou
escuridão.
agora, o coração tinha gosto
de um grande recomeço
confundido com o amargo
de um dia ter esperado de mais
insustentável, afirmou
e por isso não suportei
o cansaço de seguir só
e sempre
a mesma direção
tão logo acabei morrendo
em via de mão dupla
na contramão.
o dia era tarde
desconhecido
avulso
ainda não existe palavra
capaz de explicar o querer
que a vida retome
que a luz brilhe (de novo)
que o caminho reabra
e que minha rua
possa se reencontrar com a sua
numa fronteira
sem
fim.
Karla
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