Desabafo de quem vos escreve

Eu vim pra desabafar. Não tô com cabeça pra escrever nada poético ou dar alguma lição de moral em ninguém. Não tô implorando leitores nem elogios. Eu sei que é enjoativo ler sobre todas essas coisas tristes e tudo mais; Eu também sei que, a maioria das pessoas que leem algum blog, querem algo de incentivo. Porque aliás, elas também têm problemas e estão atrás de alguma forma para livrar-se deles, mesmo que seja apenas por um instante.

Mas eu também tenho os meus problemas. Eu não quero que eles pareçam maiores que os de ninguém, não quero nem que fiquem com pena de mim e venham desesperados perguntar se tá tudo bem ou se eu preciso de alguma coisa. Mas também quero ter o direito de reclamar deles, e escrever já basta.

É o seguinte: tá foda. Hoje meu pai veio me acordar com um beijo na testa, como ele sempre faz nos feriados ou finais de semana, e eu fui a pior pessoa do mundo com ele. Pedi pra ele sair e ele só virou as costas. Normalmente, em dias que eu acordo irritada ou não muito bem, eu sinto uma culpa gigantesca por ter feito isso. Mas hoje, não sei por qual motivo ou razão, eu senti um alívio por ter ficado sozinha. Isso é muito ruim? Eu me sinto horrível ainda mais por não ido atrás dele pedir desculpas. O dia inteiro ele e minha mãe ficaram tentando arrancar sorrisos de mim, mesmo com a cara de cu que eu estava. E o que eu fiz? Fui dormir. Eu sei que o dia tá chuvoso e que todo mundo fica mais preguiçoso (e olha que pra eu ficar mais preguiçosa...), mas não precisava disso, né? Vou pedir desculpas amanhã, eu sei que eles jamais acharão tardio um pedido de desculpas vindo de mim e ainda me abraçarão feito sanduíche.

Mas fato é que sensações assim veem ficando mais frequentes comigo. Pra eu me sentir completamente bem, preciso estar sozinha. Eu tenho as melhores amigas do mundo, eu gosto dos meus professores e me dou muito bem com meus pais, mas de um tempo pra cá, ficar longe de tudo isso parece que tira um pouco do peso nas minhas costas. Que peso? Perdi a conta de quantas vezes minha mãe mandou eu melhorar a cara essa semana. Ela sempre disse que eu mudo de humor fácil, mas acho que ando exagerando e isso tá fazendo mal pra mim bom se fosse só pra mim mesmo, já que o problema sou eu.

E olha, eu tento mudar isso. Tento ter conversas longas com todo mundo pra ver se a coisa flui melhor e eu consigo mudar meu humor, mas raramente o jeito que falo com eles é o jeito que eu me sinto. O pior de tudo isso é que eu sei que tem gente que percebe e mesmo assim tem paciência de sobra comigo. Digo pior porque, querendo ou não, eu acabo "forçando" essas pessoas a aguentarem essas minhas manias como se eu tivesse doze anos de idade. Não sei porquê eu insisto em tentar ser auto-suficiente se eu sei que, sem eles do meu lado, seria muito mais difícil suportar tudo.

Outra coisa que vem me matando é a saudade. Faz quase um mês que eu não vejo uma das pessoas que eu mais gosto e parece que eu sinto ela cada vez mais longe de mim. É como se eu estivesse pendurada num abismo sendo segurada por uma das mãos dessa pessoa e nossos dedos fossem se soltando, bem lentamente, um de cada vez. Estou prestes a cair mas não quero deixá-la. Que bom seria tê-la essa noite para dormir aqui comigo... Mas eu suporto enquanto souber que ela estará sempre ao meu lado. 

E então, até quando será que eu aguento? Parece drama, né? Eu sei... Mas, se se sentir sozinha já não é fácil, imagina saber disso e mesmo assim querer ficar longe de tudo? Tô tentando entender o que tá acontecendo pra ver se consigo mudar a visão que eu ando tendo das coisas. Apesar de achar que esse ano eu cresci muito (aliás, estou com 1,60, finalmente) e aprendi muita coisa, sinto que ainda preciso organizar todas essas mudanças para lidar de forma correta com elas. E quem sabe, aceitar o fato que Axl Rose já citava em November Rain uma das melhores músicas da história: Don't ya think that you need someone? Everybody needs somebody.

- Karla Reis.